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07 ago

Fundação – Isaac Asimov

Posted in: Amenidades, Impressões de Leitura

A violência é o último refúgio do incompetente.

Isaac Asimov

Fundação – Isaac Asimov

E após uma vida, eu voltei. Meu tempo está muito escasso. Gostaria de poder correr mais, andar mais, passear mais. Infelizmente/felizmente esse período me pede um foco que está sendo difícil manter. Por isso abandonei as escritas no blog. Mas nunca abandonei o desejo de conversar sobre minhas leituras. Passeando por ele ontem percebi o quanto eu gosto de ler. Notei que escrever sobre as minhas leituras me dá a possibilidade ao reler de voltar ao universo criado por determinado autor. Senti saudades. Portanto voltei. Mas sem a preocupação de metas, ou projetos para o blog. Vou escrevendo quando tiver tempo, quando sentir necessidade. Tentei participar do Desafio Literário ano passado, e apesar de ter lido a maioria dos livros, não consegui escrever e finalizar o mesmo. Dessa forma, vou lendo no meu ritmo e escrevendo também nesse ritmo. Tentarei postar uma vez por mês, se eu conseguir mais vezes, ótimo. Mas não me cobrarei esse tipo de coisa. Estou fazendo mestrado, e portanto a prioridade é para ele. Aqui será meu refúgio, meu cantinho. Aquele lugar só nosso para descansar a mente e recarregar as energias.

Dito isso, o livro que marcará a volta a esse mundo será nada mais nada menos que “A fundação” de Isaac Asimov. Provavelmente farei um post para cada livro da trilogia e esse será o primeiro.

O livro Fundação é tido como uma obra-prima da ficção científica e foi baseado no livro “História do Declínio e Queda do Império Romano” de Edward Gibbon. Não preciso dizer do meu mais novo interesse por esse livro agora, não é mesmo? Fundação é exatamente assim um passeio histórico através de épocas específicas que marcaram de alguma maneira o momento daquela civilização. Tenho que admitir a estranheza ao ler esse livro uma vez que esperava uma história linear, com personagens lineares. Mas qual não é a minha surpresa ao descobrir, após a leitura do mesmo, que Fundação é um compilado de quatro pequenas histórias lançadas anteriormente associadas a uma quinta narrativa. Então são cinco histórias que se conectam ao fato de contarem o rumo de uma civilização. Aqui o personagem principal não é uma pessoa, mas sim um povo, uma sociedade.

Não que os personagens não sejam relevantes, o livro possui personagens interessantíssimos que nos levam as mais variadas reflexões, mas é o todo que interage conosco. A história começa com Hari Seldon sendo julgado por tramar contra o império. O resultado disso é o exílio de pesquisadores para um planeta chamado Terminus na fronteira do Império, um local que servirá teoricamente para isolar esses cientistas com o objetivo de não permitir interferências dentro da galáxia. O Império Galáctico é tão antigo e tão grande que ninguém sabe ao certo o seu tamanho e nem o planeta o qual foi originado.

Eles se estabeleceram em Terminus e passaram a viver em comunidade segundo os preceitos da Psicohistória. A psicohistória foi uma ciência criada por Hari Seldon que mistura psicologia e estatística para prever o futuro a partir do movimento das grandes massas e não do indivíduo em sim. Uma das coisas que Seldon prevê é justamente o declínio do Império, motivo, então, do exílio. Apesar de tratar obviamente de tecnologia, senti que esse ponto divide caminho com questões sociais. Uma vez que nesse primeiro livro as disputas de poder são altamente intelectuais. Isso me chamou bastante atenção na trama de uma maneira geral. O personagem Salvor Hardin, cheio de suas frases de efeito, descreve bem o desejo de manter disputas intelectuais com a seguinte frase: “A violência é o último refúgio do incompetente.” Logicamente, existem pessoas querendo agir de maneira violenta e isso aguça a trama criada por Asimov de uma maneira bem particular.

Um outro ponto que me chamou atenção no livro foi a forma como os cidadãos de Terminus conseguiram poder. Tem que se levar em consideração que o planeta foi habitado por cientistas, não existia exército, nem armas. Hari Seldon idealizou a Enciclopédia Galáctica a fim de preservar o conhecimento científico da humanidade porém a trama revela que os planos dele são grandiosos demais não abarcando somente a enciclopédia.

Mas não nos deixemos perder o raciocínio, falava da forma como Terminus conseguiu ter poder e essa, para mim, foi a maior crítica que esse livro fez a sociedade de uma maneira geral. A forma delicada como a ideia é conduzida nos mostra a genialidade de uma pessoa que vislumbrava a sociedade de maneira diferenciada.

Fundação é um livro indispensável para quem aprecia ficção científica e se interessa por assuntos sociais. Asimov conseguiu com seus olhos cansados olhar fundo demais nesse mundo tão vasto. Assim como um de seus personagens, “O comerciante quase enrubesceu, pois era como se os olhos cansados tivessem olhado fundo demais dentro dele e sorrido com o que viram.”

 

Dados Técnicos:

Título: Fundação
Editora: Aleph
Série: Trilogia da Fundação
Tradução: Fábio Fernandes
Ano: 2009
Páginas: 239

 

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